O que é que as Relações Públicas
têm a ver com este momento?
Publicado Mar 29, 2022
Podem ficar descansados, vou poupar-vos a mais uma opinião sobre os limites do humor ou os efeitos da masculinidade tóxica. Apesar de histérica e quase sempre extremada, sou dos que acredita que este tema deve ser alvo de uma discussão pública. Uma oportunidade para ouvir nomes como Bruno Nogueira (que, nem de propósito, tem no ar um programa sobre estes mesmos limites), RAP (onde é que ele anda?), entre outros. Mas afinal o que é que as relações públicas podem ter a ver com este momento?
Em primeiro lugar, muitos questionaram se o episódio não teria sido o que habitualmente se chama de um “PR Stunt”, ou seja, um momento planeado pela Academia de Hollywood para atrair atenção da audiência para um determinado tema (Alopecia). Apesar da dúvida ainda subsistir na cabeça de alguns, o discurso de Will Smith e (sobretudo) as declarações da polícia parecem confirmar que o antigo Príncipe de Bel-Air (ou Fresh Prince, como preferirem) fez mesmo aquilo que todos vimos.
Mas é sobretudo no momento seguinte que mais se encontram indícios do trabalho de relações públicas. Will Smith sabe o que lhe pode custar este “incidente”. O ator tem um património avaliado em 350 milhões de dólares, de acordo com o site Celebrity Net Worth, o que significa que é um dos atores mais ricos de Hollywood, tendo auferido, estima-se, cerca de 40 milhões pelo papel em “King Richard”, este mesmo que o permitiu estar num lugar de destaque na sala, tão próximo de Chris Rock. Além do risco de perder o Oscar – recentemente aconteceu a Harvey Weinstein na sequência do escândalo de assédio sexual em que se viu envolvido –, Will Smith poderia ficar com uma mancha na sua carreira, difícil de recuperar.
E é aqui que entrámos. Timing, forma e conteúdo do seu pedido de desculpas são seguramente trabalho de relações públicas. Em primeiro lugar, o timing, menos de 24 horas após o único episódio que disputou alguma atenção mediática desde o início da guerra na Ucrânia, revela a noção estratégica de “estancar a hemorragia” que tinha tendência em manter-se, numa longa discussão entre quem o defende e quem o condena. Depois, a forma e o conteúdo: um post, não um press release, para que não existam dúvidas do seu arrependimento pessoal. Cuidado em cada palavra, texto curto e simples, para não permitir segundas interpretações. O conteúdo, esse, não deixa qualquer dúvida sobre a autocondenação, sobretudo pela forma como se dirige diretamente a Chris Rock, revelando-se humano... ou melhor um humano em “work in progress”.
É importante lembrar que no discurso após a conquista do Oscar, Will Smith, ainda a quente, preferiu um discurso de autocomiseração que dificilmente anteciparia este ato. Foi seguramente trabalho de relações públicas que o levou a corrigir uma trajetória que poderia ser fatal para a sua carreira e para a relação com os fãs e com a Academia. Para quem está a pensar: sim, sim, agora tudo é relações públicas! Não tenham dúvidas.
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