Will digital kill the PR star?
Publicado Nov 18, 2021
Recentemente tenho observado a conversão de algumas agências de relações públicas (ou de comunicação, como aqui se insiste em chamar) em agências de comunicação digital. Aliás, em alguns casos que tive conhecimento a assessoria de imprensa passou a ser um “serviço bónus”. Nada contra, porque cada um é livre de definir a sua oferta ao mercado, mas permito-me à reflexão sobre uma espécie de condenação da nossa indústria e a uma ilusão tantas vezes repetida de que o filtro do jornalista deixou de ser relevante quando podemos contactar diretamente o nosso target através das redes sociais.
Já aqui falei de como a nossa atividade está umbilicalmente ligada ao jornalismo e de como é impossível não sentirmos as consequências da crise dos media, a nível mundial. A este propósito, diz uma análise da Trustinsight que o número de domínios de sites de informação tem vindo a cair de forma consistente desde 2015. Os números não deixam dúvidas: menos 59,4% de nomes de domínios rastreados pelo GDELT Project. O que já sabemos também é confirmado pelo governo americano: o aumento no desemprego nas redações americanas desde 2010 ronda já os 30%.
Os números em Portugal não são conhecidos, mas não é preciso grandes estudos e estatísticas para ter a certeza de que o cenário não é melhor, e porventura com outros problemas somados, como o nível salarial dos jornalistas portugueses.
Sim já sabemos, não são tempos fáceis. Menos meios, menos jornalistas, mais pitch por jornalista; estes cada vez com mais funções, mais áreas para cobrir, alguns acumulando edição, online, entre outros. Talvez isso explique a conversão de algumas agências para digital, antecipando o apocalipse do jornalismo, que não vai acontecer. Porventura a crise agudizar-se-á, mais títulos encerrarão, teremos mais jornalistas desempregados, mas acreditar que o jornalismo tem os seus dias contados é o mesmo que dizer que estamos disponíveis para viver em ditadura ou que passamos a aceitar as fake news. O jornalismo enquanto setor de controlo e fiscalização do poder pode viver momentos conturbados nos seus modelos de financiamento, mas a sua importância é inquestionável e inegociável.
Não nos esqueçamos que a crise no jornalismo afeta sobretudo os jornalistas e as empresas detentoras dos títulos. É verdade que muitos títulos tiveram que prescindir de alguma qualidade, de grandes repórteres ou jornalistas que tinham tempo para acompanhar um setor, e que, em última análise, o leitor perde com isso. Mas se compararmos relativamente há 20 anos, tenho certo que mais pessoas consultam jornais e revistas, que outrora apenas estavam disponíveis em papel, para quem pagasse por eles.
Voltando a esta indústria: escolher entre uma estratégia de relações públicas ou de comunicação digital é o mesmo que a decidir entre investir num software de gestão ou mudar de instalações. É apenas uma questão de budget e prioridades, porque uma não substitui a outra. O grande problema é que em Portugal nem sempre o nosso setor conseguiu justificar a dimensão de gestão de reputação, limitando-se tantas vezes a ser um apoio tático de divulgação de produtos, serviços e campanhas. E aí, claro, perdemos para o digital, que impacta diretamente o alvo, além de apresentar kpi’s que expõem ainda mais a fragilidade das nossas métricas.
E aqui estamos no cliché da ameaça que se transforma em oportunidade. Acredito que este momento é tremendamente valorizador das agências de relações públicas que se mantêm fieis ao seu modelo, desde que, obviamente, atualizem processos de inclusão de PR digital. Uma coisa é certa, os clientes que mantêm a aposta nas relações públicas percebem a volatilidade do digital (vulnerável a algoritmos, crises nas plataformas, entre outras) e sabem que uma crise de reputação nunca se resolverá no digital.
Também a Pure teve que atualizar a sua oferta e adquirir competências no digital, mas nunca deixaremos de ser uma agência de relações públicas. É isso que sempre nos definiu e é isso que somos bons a fazer.
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